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Bio-panorama de uma pedagoga do século xx, no século xxi

  Exibida, me apresento como egressa do curso de graduação na Faculdade de Educação da UnB, para uma turma de Introdução à Pedagogia, com a expectativa de saber um pouco sobre o que pensam da minha geração de profissionais, a que fez a transição entre séculos, numa perspectiva de quase quarenta anos de distância do currículo que nos formou. Em síntese, ao que sobrevivi: fui estudante de graduação na Universidade de Brasília, de 1980 a 1990. Ingressei na Pedagogia em 1985, ano em que completei uma década de empregos como professora de inglês em cursos  e escolas da cidade . Escolhi o curso de pedagogia porque tinha tudo e eu sou gosto de tudo e mais um pouco. Caos pouco é bobagem, peguei os tempos de transição entre currículos, reformas de regimes, anos de constituinte, pioneiros em acesso de estudantes aos computadores. Nossas esperanças eram de que a reforma dos cursos de pedagogia apontasse para as ciências da educação, com transdisciplinaridade, inclusão de pesquisa e laboratórios

LEILÃO DE IDEIAS

  Atividade didática de simulação com 300 iennes para gastar comprando essas pérolas, para exibir no seu ideário.  Esbalde-se e faça as melhores aquisições. Dou-lhe uma, dou-lhe duas... 1.      A palavra russa para trabalho –  rabota-  deriva da palavra escravo,  rab . A origem da sociedade de lazer é o sonho de viver como um senhor, com o trabalho feito por robôs – escravos mecânicos.   2.      A memória do mundo foi entulhada de nomes de generais em vez de conversadores, talvez porque, no passado, as pessoas falassem bem menos do que hoje. “um homem muito dado a falar, por mais sábio que seja, é incluído no rol dos tolos”, disse o princípe persa Kai Ka’us de Gurgan, e o mundo concordou.   3.      Quando as pessoas narram a história de suas vidas, a maneira de começar revela de imediato a medida em que se consideram livres e em que proporção se sentem ajustadas no mundo. Até recentemente, ser o pai de alguém era o fato mais importante a considerar.   4.      A vida está ficand

Aprender reconhecendo; para preencher as lacunas com memória e imaginação

Princípios da vítima: a aprendizagem se dá em investigação coletiva a partir de perguntas e com diálogo qualificado, mediado didaticamente para comunicar sentidos e significados relevantes e pertinentes à ampliação da consciência crítica da pedagoga que quer compartilhar educação e ter presença cultural em sociedade, num mundo em transformação. Lacunas de vida “V.” , a vítima, sobreviveu. Embora tenha restado algumas lacunas na memória. Na esperança de refazer sua história,    registramos palavras, frases e ideias  a partir das pistas percebidas durante o tempo de vivência com “V.”  Meio minuto basta para transformar uma pessoa comum em _____________________.     “V.” ouviu de ______________: “-   Primeiro,   ________________________. Depois, faça como   quiser.” Concordou. O encontro com ____________________ deu-lhe a ideia de ________________. Mais tarde, disse ao ____________________: “ – Se você tivesse _____________________, eu teria _____________________________. Felizmente

O que se sabe sobre "V." *Contém spoiler de vida

  pode conter referências bibliográficas trocadas no texto, mas são referências biográficas, de vida. O que se sabe sobre "V." Fundamentos teóricos da vítima*:  o exercício de pedagogia é uma opção de vida (GROSSI), um  ethos  assumido na missão possível para a o convívio pacífico e civilizado entre as pessoas no mundo (FREIRE). Apontada como esperança no enfrentamento de violências simbólicas (ADORNO) e materiais (MARX) desde a esfera de vivência pessoal ao patamar mais extremo de (in-)humanidade (NIETZSCHE), a educação requer criação de mentalidade consciente (ILLICH) e inteligente  para encontrar aprendizagens no percurso de desenvolvimento pessoal e social (VYGOSTISKY); a disciplina pedagógica contribui com cidadania (BUFFA), oferece espaços formais e laicos de trabalho para profissionais e leigos (RIBEIRO), carreira e voluntariado. No entanto, os cursos têm uma formação curricular a ser aprimorada para alcançar o que está por vir (FREINET). O contínuo vir-a-ser (ROGERS)

Vítima do sistema: “V.”

  Atividade prática – pedagógica   A construção de uma democracia cognitiva discute a produção e a difusão de conhecimentos que, através dos mais recentes meios de comunicação, não estão mais restritos ao âmbito das instituições de ensino. Diante disso, há uma exigência natural da sociedade para que essas instituições se apresentem não apenas como simples depositários do saber, mas como canais de acesso crítico aos conhecimentos e informações e encontrem, cada vez mais, caminhos para interferir na realidade. Antônio Carlos Caruso Ronca   Pesquisa etnográfica no estágio de docência: Bio- Panorama pedagógico pessoal, depoimento comunicativo, para estudantes de Introdução à Pedagogia sobre exercício profissional após graduação.   Dinâmica didática: INVESTIGAÇÃO DE UM CASO CRÔNICO Público investigador: 29 estudantes de graduação+ 1 estudante de pós-graduação. Tema escolhido para a vítima: Em síntese, o lugar do exercício pedagógico: dicas e atalhos da travessia profissional

Sistema literário e sistema educacional: um pouco mais de Machado de Assis e Paulo Freire, para entender melhor a formação de leitores no Brasil

  Somos leitoras, mediadoras de leitura, narradoras, estudantes, professoras, escritoras. A atividade intelectual de filósofos, artistas, pensadores,   nos interessa.   Consideramos o conhecimento e a leitura nosso direito. Para garantir esse direito, vamos chamar um advogado! Paulo Freire, advogado de formação e, antes de tudo, um filósofo humanista. Ao falar de Paulo Freire para não pedagogas, preciso ressaltar que está implícito em toda sua obra que a descoberta do conhecimento não se dá apenas na escola, mas em todos os espaços e atividades da sociedade; trata-se de uma condição existencial. Para ele, somos todos mediadores de leitura quando lemos e nos dispomos a dialogar com os outros e outras para intervir na realidade com uma ação contra a “visão fatalista” do mundo. Porque ler é ler a palavra e ler o mundo, percorrer o mundo, desvendá-lo, compreender o seu movimento. É nesse sentido que a leitura é cultura, porque o ato de ler nos mobiliza pela compreensão da práxis humana

DEFERÊNCIAS

  O som dos livros pousando na mesa ainda ecoam no ouvido de Thereza. Ela sente o vácuo do movimento da professora Rosiene se virando do quadro negro para curvar-se sobre a pilha. Lábios pintados de beterraba, olhos prontos. - Diga, Thereza Cristina Trigo dos Guimarães d’Albuquerque, em que posso te ajudar. O tom doce, a voz meio rouca e o jeito de dizer as coisas sorrindo que Thereza amava desde a sexta série eram encorajadores. - sabe o que a gente descobriu?   Naquele momento Thereza ainda não conhecia os desafios que Rosiene enfrentava na vida em cidade do interior. Soube anos mais tarde, quando leu em seus contos, novelas autobiográficas e entrevistas publicadas. Guardou tudo autografado, com carinho. Thereza rememora a cena como se fosse hoje: Rosiene lendo as capas dos livros um a um, para em seguida abrir as primeiras páginas, conferir editora, ano de edição, dedicatórias e bibliografias, referências, tentando entender o enigma: O que teriam em comum aqueles clássicos